Foi um dos períodos mais sombrios da minha vida – as relações com meus pais estavam atribuladas, tinha acabado de passar por uma péssima separação com o pai de meus dois filhos, fora traída por meus amigos e acabei nas ruas, na lista de espera para ser acolhida em um abrigo para moradores de rua. Eu não tinha mais nada e não sobrou ninguém com quem eu pudesse contar. Eu rezava para morrer logo. Em uma semana, em vez de morrer, eu fui estuprada.
Tentei ligar para uma agência a fim de colocar o bebê para adoção, mas não conseguia completar nenhuma ligação. A cada vez que eu tentava, eu chorava sem parar. Foi então que finalmente decidi ficar com meu bebê.
Ela tornou mais fácil superar o estupro. Ganhei uma menininha linda pelo que me aconteceu. Ela é meiga, amável e linda. Tudo o que passei não é nada se comparado à alegria que minha Alice trouxe para minha vida. Deus me deu um motivo para seguir em frente. Minha filhinha é meu milagre.
Meu doce anjo me ajudou de mais maneiras que eu possa contar. Ela faz o mundo um lugar mais bonito. Minha filha pode parecer um inconveniente para alguém que não a conheça, por ter sido concebida em situação de estupro e ser uma pessoa com deficiência. Porém, qualquer um que a conhece descobre o que é bondade e amor incondicional. Os vizinhos sorriem quando a veem e esperam pelos abraços.
Atualmente moramos no Texas, onde Alice faz fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Até o momento ela apenas recebeu o diagnóstico de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH ou Attention Deficit Hyperactivity Disorder - ADHD), mas ainda temos um longo caminho a percorrer. Ela é a menina doce que adora abraçar todo mundo que encontra. Nunca precisei ensiná-la a partilhar – ela é muito generosa por natureza. Eu amo demais a minha filha e já vi muitas vidas transformadas por causa da vida dela.
Devido a essa experiência, acabei adotando minha melhor amiga como minha mãe. E o mais interessante é que o filho único dela também foi concebido em situação de estupro. Ela tem sido fonte de conforto em todos os momentos e fica muito orgulhosa de chamar a Alice de neta.
Na verdade, tenho duas amigas muito próximas cujos filhos foram concebidos em situação de estupro, mas elas não falam disso. Uma tinha 16 anos e foi expulsa da casa dos pais por ter engravidado. Até que seu filho completasse 12 anos, ela não havia contado a eles que tinha sido estuprada pelo namorado. Fora estuprada antes e o pai estuprador a forçara a abortar quando tinha apenas 14 anos. Ela ainda se sente mal por causa disso, mas estava determinada a não fazer aquilo novamente quando engravidou de seu filho.
A outra fora estuprada quando estava na faculdade e não sabia que estava grávida até uma fase avançada da gestação. Ela disse que teria abortado naquela época se soubesse antes da gravidez. Chegou a pensar em colocar o bebê para a adoção, mas mudou de ideia. Ela nunca mais conseguiria completar uma gravidez depois daquilo. Quando o menino cresceu, ela decidiu ser voluntária em um centro de atendimento para gestantes em risco, e seu filho único foi a razão pela qual ela se tornou uma defensora da vida!
Se você também tem uma história como a nossa, saiba que não está sozinha, e espero que esse testemunho a encoraje.
Michelle Olson, Salve o 1% – Os casos difíceis.
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